O que você sabe sobre os Orisas na Tradição Religiosa Yoruba? Parte 2

Aqui no Brasil são conhecidos e cultuados alguns dos nossos Orisas: Obatala Orisanla (conhecido aqui como Oxalá e cultuado no Brasil através de seus dois filhos Osagyan/Oxagian e Osalufan/Oxalufan), Ogun, Osoosi (escreve Oxossi no Brasil), Logun, Osun, Sango, Esu, Oya (mais conhecida como Yansã no Brasil), Obaluaye, entre outros. Ainda cultuam em diversos estados brasileiros Yemoja, aqui no Brasil cultuada nos mares e chamada de Iemanjá. Ela é bastante conhecida nas religiões afro-brasileiras como candomblé e umbanda. Na Nigéria é cultuada nos rios. O culto da Orisa Yemoja acontece em minha cidade Ile Ife nos rios, por isso é chamada Odoya, Senhora do Rio. Percebi que a conceituação e adoração de Yemoja no Brasil difere significativamente daquela que fazemos na Nigéria

Há uma confusão entre Orisa Yemoja e Yemoo, esposa de Obatala. Yemoo é bem pouco conhecida no Brasil. Já no nosso Templo de Obatala de Ile Ife é cultuada sempre. Existem brasileiros que confundem Yemoo com Yemoja. Acreditamos que isso tenha acontecido diante da semelhança entre as duas palavras: YEMOO e YEMOJA. Um dos casos de Orisas praticamente desconhecidos no Brasil é Yemoo. E a Orisa Yemoo sempre esteve ao lado de Obatala durante toda a trajetória de Obatala na terra, da saída lá do mundo espiritual com a missão dada por Olodumare até o fim da jornada de Obatala na minha cidade Ile Ife, a 1.ª morada dos Orisas na Terra e o retorno dos dois à morada espiritual/ORUN.

Assim acontece também com a Orisa Olokun. Tão importante na minha cidade Ile Ife é bastante desconhecida aqui no Brasil. Era esposa bem querida de Oduduwa. E também duas outras esposas de Oduduwa: Olosa e Osara são desconhecidas aqui e até hoje e cultuadas na Nigéria. Olokun é uma mulher corajosa e poderosa. Ela é muito bonita. Olokun começou sua vida em Ile Ife. E depois foi morar dentro do Oceano, na cidade de Lagos. Onde ela permaneceu e sempre afirmando que não gostava nada de sujeira em sua área e sempre querendo que tudo fosse limpo e bonito no Oceano. Belo legado que deixou ao Povo Yoruba!

E retornando a falar sobre as nossas formas de cultuar Orisa em Ile Ife, na Nigéria, esclareço que as formas de cultuar Orisa podem até diferir muito de cidade para cidade nigeriana, ou templo a templo nas diferentes cidades nigerianas. Assim fazemos usos da nossa tradição religiosa yoruba em minha cidade e tais usos podem não acontecer na próxima cidade Osogbo. O que preservamos é o respeito com os modos distintos dos nossos modos de cultuar. Tal diversidade é muito positiva, provando a viitalidade da nossa tradição religosa yoruba.

Sempre causa muita felicidade saber que os Orisas permanecem cultuados no Brasil e já decorridos muitos anos do retorno de muitos nigerianos, pós-período escravagista brasileiro. Orisas são realidades vivas, não abstrações antigas e jã não mais usuais. Estamos vivos nos nossos cultos, eles não acabaram por questões referentes a colonização e só foram preservados em países da diáspora africana, como Brasil, Cuba, Trinidad Tobago e outros.

Já respondi algumas vezes se é verdade que o Povo Yoruba abandonou os orisas cultuados por nossos ancestrais. E agora são cristãos e muçulmanos. Respondo sempre que não é verdade. E no caso do Orisa Osoosi já ouvi depoimentos que teria desaparecido da Nigéria e que a presença de alguns nigerianos no Brasil é motivada pela necessária vontade de reaprender a cultuar Osoosi. E sempre costumo informar que isso não é verdade. Já que Osoosi (leia-se Oxossi no Brasil) é o guardião de Obatala e cultamos sempre em nosso Templo. E na foto abaixo é possível visualizar o Igba/assentamento onde cultivamos Osoosi, no concorrido dia dedicado ao Orisa Osoosi no nosso Templo de Obatala em Ile Ife. Na foto abaixo vemos também a presença do Ooni de Ile Ife, o herdeiro do trono de Oduduwa, neste dia de orações e oferendas à Osoosi. Osoosi é cultuado na minha cidade e por o meu Rei, o Ooni de Ile Ife.

Cultuamos de uma forma bem diferente das religiões afro-brasileiras. E isso não quer expressar nenhuma superioridade. Apenas cultuamos de forma bem distinta. E respeitamos bastante os cultos afro-brasileiros. São dois cultos distintos, são divindades entendidas de formas diferentes também. Algumas pessoas falam que cultuam Orisas africanos e isso leva outras pessoas a pensar que são as iguias as formas que eles e nós cultuamos. Este pensamento é organizado a partir dos Orisas terem chegado em Ile Ife para seguir as determinações de Olodumare. E com o passar do tempo, muitos yorubas foram viver no Brasil e outros países americanos, nos tristes tempos da colonização e escravidão. Deixaram marcas intensas na cultura brasileira e de outros países do continente americano. Levaram na alma o amor por seus Orisas da Nigéria e difundiram seus nomes e seus desejos de cultuá-los nos países americanos.

Ficou desconhecido no Brasil a grande amizade entre Orunmila e Olokun. E Orunmila também é pouco conhecido ainda. Porém nas últimas décadas muitas pessoas iniciam em Ifa no Brasil ou vão para a Nigéria iniciar em Ifa. Isso acontece também com outros cultuadores de Ifa e que moram em países como Venezuela, Paraguay, Uruguay, Argentina e que já conhecem Ile Ife e visitam o Templo de Ifa de Ile Ife. Em Ile Ife é muito presente o culto de Orunmila. O Templo de Orunmila de Ile Ife é bastante visitado por pessoas de várias partes do mundo. No começo de junho acontece lá o anúncio do ODU do ano novo. O mais importante sacerdote de lá saca um ODU e os babalawos recitam os eses/versos referentes aquele ODU e assim os iniciados em Ifa podem seguir as recomendações para ter um ano novo de paz, prosperidade, fertilidade e ter suas metas realizadas.

A Orisa Olokun estava completamente convencida que Orunmila era aquele que traz a palavra felicidade ao cotidiano. Orunmila e Olokun eram amigos e Olokun realmente acreditava em Orunmila. Orunmila era o único a ajudá-la com seus problemas. Orunmila era o único que visitava Olokun, na sua casa, dentro do oceano e consultava o oráculo para ela. Orunmila gastava muito tempo com Olokun dentro do oceano, todos os outros Orisas sentiam ciúmes de Orunmila. Os demais Orisas diziam que Olokun e Orunmila são os melhores amigos e ninguém mais conseguia sentir o que passava pela cabeça de Orunmila e Olokun. Foi Orunmila que colocou alegria e harmonia na vida de Olokun é por isso os outros orisas diziam: Orúnmilá é amigo de olokun e traz a alegria na vida de Olokun.

Orunmila ou Ifa é a divindade da sabedoria e do desenvolvimento intelectual. Ifa é aquele que fornece respostas aos nossos problemas. Ifa mantém um elo entre os seres humanos para todos aqueles que buscam recebê-lo. A divindade é chamada Orunmila, alguns chamam de Ifa, o sistema de adivinhação/Oráculo para a leitura do destino humano é chamado Ifa. Babalawos, Sacerdotes de Ifa, usam opeles e ikins para sacar Odu em consultas oraculares. Orunmila é adorado, a fim de corrigir o nosso destino, para que possamos ter sabedoria sobre a nossa vida e para sermos capazes de manter segredos. Ifa (oráculo) é o corpo vivo de sabedoria transmitida por Olodumare, dada a Orunmila para restaurar o nosso mundo quebrado.

Ele começou a dançar. Ele começou a se alegrar. Quando ele abriu a boca, é música o que ele pronunciou. Quando ele esticou as pernas, começou a dançar. O gongo foi tocado. Tambor foi batido. Oferendas trazem bênçãos! Não sejam negligentes em oferecer oferendas, independente de suas situações atuais. Continuem orando. Continuem oferecendo danças, canções e se alegrando.

Orunmila está conosco!

A saúde está conosco! A bondade. está conosco! A Prosperidade está conosco

Orunmila, o sábio e paciente Orisa da sabedoria e adivinhação é o mensageiro de Olodumare. Ifa diz que devemos usar a mão direita para lavar a mão esquerda. E usar a mão esquerda para lavar a mão direita. Se nos recusarmos a usar a mão direita para lavar a mão esquerda. E se nos recusarmos a usar a mão esquerda para lavar a mão direita. As mãos de alguém não estarão frescas e limpas. Ifa fala da sabedoria da natureza e das verdades universais.

A preocupação não faz o amanhã vazio, porém é a força necessária para esvaziar o momento presente diante de uma ideia fixa. É mais apropriado você orar e fazer suas oferendas, diminuindo a sua preocupação. Você deve acreditar em si mesmo e em sua força para superar as dificuldades e isso vai diminuir sua preocupação. Possam ser nossas orações e oferendas auspiciosas! E pedimos que Ifa permita que a nossa oração e nossa oferenda sejam aceitas e sejam encaminhadas até o Reino Divino !

Ifa é a divindade da sabedoria e do desenvolvimento intelectual. Ifa é aquele que fornece respostas aos nossos problemas. Ifa mantém um elo entre os seres humanos para todos aqueles que buscam recebê-lo. Ifa fala da sabedoria da natureza e das verdades universais. A prática de bom caráter e constante reverências aos ancestrais são os primeiros passos para compreender nossos caminhos. Usando Ifa como uma ferramenta, você aprenderá a confiar em si mesmo. Por isso, queremos dizer que Ifa pode ajudar a entender a própria finalidade da vida, obter novas oportunidades para a vida e ter sabedoria sobre a sua própria vida.

No Sistema de Culto de Ifa reside a alma e o coração do Povo Yoruba como um todo, tanto quanto dos outros Orisas. Em Ifa há sempre a verdade e não há espaço para mentiras e enganos. Isso impõe ao babalawo uma obrigatória correção de caráter: Não pode mentir, não pode enganar as pessoas e não pode oferecer falsas promessas para a soluçaõ dos problemas dos seus consulentes. Ifa pode ser considerado como a cabeça de uma grande família. Iniciados em Ifa são pessoas amistosas e não discriminam outras religiões, etnias, lugar de origem, situação econômica das pessoas ou cor da pele. Se alguém iniciado em Ifa não está agindo com correção não será um problema da sua iniciação e nem de seu Babalawo. É um problema dele próprio. Na foto abaixo babalawos visitam o templo de Orunmila de Ile Ife durante o anúncio do ODU do ano novo yoruba e que sempre acontece no começo do mês de junho.

O Sistema Oracular de Ifa ocupa um papel fundamental na regulação da ordem social e moral. Representa uma teoria e prática destinada a explicar e controlar maus eventos e evitar sofrimentos. Ifa representa um corpo de conhecimento profundo que lida com o passado, presente e futuro de uma só vez. Orunmila é aquele que sabe do nosso presente, passado e futuro e isso pode ser acessado via consultas oraculares. O Sacerdote Yoruba memoriza os Odus e seus textos orais poéticoos e costuma recitá-los em ocasiões apropriadas, especialmente durante os rituais para garantir a prosperidade, cura, resolução de problemas e boa saúde para as pessoas que o procuram.

Orunmila ou Ifa é considerado como a divindade da sabedoria. É através de Ifa que o futuro é conhecido. A consulta ao oráculo de Ifa é um meio de conhecer os progressos possíveis. Ifa é benevolente. Ifa abençoa de forma abrangente seus cultuadores. Povo Yoruba sabe que Ifa é capaz de ver o passado, presente e sobretudo o futuro.

Na foto acima vemos o nosso Egungun andando pelas ruas de Ile Ife. Cultuar Egungun é estar mais próximo dos nossos ancestrais e cultuá-los como merecem. Sabemos que o nosso especial culto aos ancestrais e ao Orisa Egungun é também bastante desconhecido no Brasil. Egungun é amplamente cultuado na Nigéria. É uma forma importante de se referir à natureza ancestral de Egungun que está em seu cognome popular Ará Orun kìnkin/habitante do céu. E também através da reflexão no ditado: Iya Eni leéguń Ile baba Eni Lorisa Oja, mãe é a mascarada em casa, Pai é a lenda no mercado, de forma significativa, os pais são realizadas não só na mais alta estima, mas também como modelos a serem seguidos e encarregados da educação para seus filhos. Assim, o Egungun oferece moldes domésticos para o caráter da criança no mercado interno da casa. Enquanto a criança confia no pai em público, e, idealmente, a criança recebe a educação em casa da mãe, e sua introdução, iniciação e orientação na vida pública mais ampla vão recebendo do pai. Assim, a vida de cada criança segue bem.E nunca poderemos negligenciar os nossos amados familiares que já retornaram às suas moradas espirituais.